Nova geração tênis O brasileiro já treina os primeiros craques e vencedores do mundo profissional. Ainda mais jovens, meninos e meninas talentosos de diversas regiões do país brilham em torneios juvenis, praticando a “vida adulta” entre profissionais, em meio a atividades que combinam treinos e viagens pelo mundo com aulas e provas na escola. Em comparação com as gerações anteriores, a geração atual conta com um maior número de tenistas adolescentes que contam com um suporte mais sólido e suporte técnico, físico e psicológico desde cedo.
A nova geração é liderada por duas meninas: paulistas Nauhany Silva e potiguar Victória Barrosambos com 14 anos. Goiano Luís Augusto Miguel15 anos e cuiabano Liv DamazioCom 14 anos, estes são os principais representantes da ala masculina. O grupo feminino também tem gaúcha Pedra Rivoli e do Paraná Flávia Cherobimo mais novo deles tem apenas 13 anos.
“Já faz algum tempo que não tivemos uma geração tão boa de jovens”, diz Léo Azevedo, um treinador brasileiro com vasta experiência em trabalho de base no Reino Unido, nos EUA e na Espanha. “Quanto às meninas, hoje temos duas jogadoras menores de 15 anos que estão entre as melhores do mundo para a idade: Nauhany e Victoria. Temos o Luís Augusto, que é um dos melhores do mundo na sua idade. Pietra Ela é uma das melhores da sua idade na América do Sul.
Os aplicativos escolares ajudam os tenistas adolescentes a aprender. “Estou no primeiro ano do ensino médio. Eu combino bem o estudo com o tempo livre. Eu uso o aplicativo para aprender. No torneio da Colômbia joguei de manhã e estudei à tarde”, conta Guto.
Além de viajar, a rotina também é repleta de atividades. “Treino de manhã e à tarde, às vezes na quadra ou fazendo exercícios físicos. Paro para almoçar ao meio-dia e retorno às 14h. Chego em casa por volta das 17h30 e vou estudar. Às 20h30 vou para casa. Já estou na cama, gosto de dormir”, diz Naná com um sorriso infantil.
A mais nova desse grupo é Flávia Cherobim, de apenas 13 anos. Mais jovem sul-americano a chegar ao ranking juvenil, o tenista curitiba progrediu na natação e na ginástica após se apaixonar pelo tênis aos seis anos. “Sempre foi fácil para mim praticar esportes. Vi minha irmã jogar e gostei muito”, diz Flávia Estadão.
Assim como outras pessoas, Flávia já conta com apoio profissional ao seu redor, como suporte técnico, psicológico, além de apoio familiar. No ano passado, seus preparativos incluíram até aulas de ioga. “É preciso prestar tanta atenção ao equilíbrio mental quanto às questões técnicas e táticas. Por isso Flávia começou a praticar ioga no ano passado”, explica o pai do atleta, Versione Cherobim.
Sem pular etapas
Mães e pais de atletas compartilham a mesma preocupação: não encurtar a infância e a adolescência durante a carreira no tênis. “Como estávamos jogando balão na sala, já pensando nas jogadas do tênis, fiquei pensando nela jogando. Ela tinha apenas dois anos. E ela se divertiu. E hoje é assim: ele está se divertindo em quadra”, diz Paulinho Silva, pai e ex-técnico de Naná.
Para Léo Azevedo, os jovens tenistas não podem deixar de se divertir em quadra. “O tênis tem que ser divertido, principalmente nessa idade. Deve ser legal e divertido. Grandes tenistas são assim: se divertem na quadra. Isto pode ser visto, por exemplo, em Carlos Alcaraz. Foi o mesmo com Federer e Nadal.”
Léo acompanha de perto a evolução de Naná, Guto e Pietra, assim como já fez com Victoria. Eles estão unidos pela organização comum Rede Tênis Brasil, uma organização sem fins lucrativos que tem investido fortemente no esporte nos últimos anos. Léo é o treinador principal do projeto, que em sua versão anterior contava com Victoria.
Alguém aparecerá no futuro?
Tanto Léo quanto Fernando Meligeni estão cautelosos quanto ao futuro. Para Azevedo, somar pontos no ranking, como Naná já fez, não a torna uma profissional neste momento. “Mesmo tendo sido classificada, ela ainda não é profissional porque ser profissional significa ganhar a vida com o tênis e fazer sacrifícios exclusivos. Naná ainda estuda, é adolescente, está fazendo algumas coisas. Deve ser assim. Ser profissional é dedicar-se 100% ao que faz. Rotular ela e outras pessoas como profissionais tira a diversão que é tão importante nesta idade.
Meligeni está otimista quanto ao futuro, sem abrir mão da cautela ao fazer previsões sobre jogadores individuais. “Nunca tive tantas esperanças. Hoje temos um cenário do tênis brasileiro muito melhor do que há 10 anos. Se naquela época, com muito menos estruturas e recursos, conseguimos colocar Thiago Monteiro, Thiago Wild, Bia e Laura no TOP 100 do ranking, por que não acreditar que um desses meninos e meninas vai estourar a bolha?” – ele pergunta. “No entanto, devemos manter nossos atletas promissores conforme esperado.”
Segundo o ex-tenista, a receita do sucesso no tênis brasileiro é o trabalho em equipe, como já fizeram outros países. “Precisamos de atletas e dirigentes generosos, comprometidos e competentes. Não adianta pensar que os tenistas virão sozinhos, as grandes escolas de tênis vieram em grupos, assim como as escolas espanholas, argentinas e americanas. Os tenistas vêm em grupos, mesmo quando não o fazem, eles se dão bem uns com os outros.”
Mais torneios
Segundo especialistas, o novo cenário do tênis brasileiro está diretamente relacionado à estrutura maior do país. Nos últimos anos, o número de torneios no país aumentou significativamente. Entre 2021 e 2024, o Brasil sediou 70 competições de nível ITF e ATP Challenger, das quais estas foram as primeiras competições de nível profissional.
Foram emitidos cerca de 150 convites para os torneios para jovens de até 18 anos, proporcionando aos brasileiros mais experiência sem precisar viajar muito. “A Itália se tornou uma potência do tênis porque é um dos países que recebe mais torneios. Na Itália, o tenista perde e volta para casa, ali perto, sem precisar viajar muitas horas”, explica Léo Azevedo.
“Estamos fazendo um bom trabalho na base. A entrada de novos patrocinadores, um pouco mais de investimento… Qual é o problema do Brasil em comparação com outros países? Temos pouco dinheiro e o dólar está alto, não temos muitas chances de disputar muitos torneios na Europa e os EUA estão um nível abaixo do nível do tênis em que se joga atualmente. Também não há estrutura para viajar e passar o tempo fora do país, brincando e brincando muito fora, o que se destaca é um bom garoto”, afirma Meligeni.
Dos 70 torneios listados acima, aproximadamente metade foi organizado pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT). “Um dos nossos pilares na Confederação é criar oportunidades para os nossos tenistas. Claro que isso não é garantia de que teremos o número 1 do mundo no futuro, mas hoje os atletas têm um amplo leque de oportunidades. Com um calendário de torneios mais sólido nas categorias juvenil e intermediária, hoje você pode se destacar no cenário internacional, passando a maior parte do tempo sem sair do país e do continente”, afirma o presidente da CBT, Rafael Westrupp.